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sexta-feira, 9 de março de 2012

A solução não seria domesticar o capitalismo? Ao invés, de ficar condenando sua atitudes selvagens?


O “Financial Times” vem publicando uma série de artigos sobre a crise do capitalismo. Um desses artigos foi escrito pelo  ex-presidente do Federal Reserve americano, Alan Greenspan. Eu sempre quis por o capitalismo lado a lado com outro sistema econômico e sem grandes diferenças, porem, as lutas do capitalismo com outros sistemas econômicos que  recordava, sempre tiveram grandes diferenças, até ler este artigo do Greenspan que me fez recorda de um momento da historia, que colocou o capitalismo contra outro sistema econômico, e dessa vez em condições quase iguais. 

  
Como sempre, o Greenspan fez uma análise bastante interessante. Ele começa o texto lembrando que não é viável realizar experimentos controlados em pesquisas da teoria econômica, mas chegamos perto disso com a competição entre as duas Alemanhas surgidas após a Segunda Guerra. Ambas começaram com a mesma cultura, o mesmo idioma, a mesma história e o mesmo sistema de valores. Por 40 anos, as duas competiram em lados opostos, com uma única diferença, a do sistema político e econômico: planejamento central e capitalismo de mercado.
O experimento se interrompeu em 1989 com a queda do muro de Berlim. A Alemanha Oriental, comunista, exibia níveis de produtividade pouco superiores a um terço do prevalecente na Alemanha Ocidental, onde se praticava o capitalismo. Muitos dos países do Terceiro Mundo absorveram a lição e se converteram ao capitalismo de mercado. A China replicou o modelo orientado pelas exportações, que havia dado certo nos chamados Tigres Asiáticos: força de trabalho bem educada e de baixo custo, associada à tecnologia dos países desenvolvidos. “Operando em mercados competitivos, a China e grande parte do mundo em desenvolvido viveu um explosivo crescimento econômico.”
Desde que foi disseminado a partir do Iluminismo, o sistema capitalista tem obtido um sucesso atrás do outro. “Padrões e qualidade de vida, depois de milênios de quase estagnação, cresceram a um ritmo sem precedentes em grande parte do globo”. A pobreza foi reduzida drasticamente e a expectativa de vida dobrou. A renda per capita aumentou 10 vezes nos últimos dois séculos, o que permitiu acomodar uma população seis vezes maior”. Para Greenspan, o planejamento central perdeu credibilidade, “mas a batalha intelectual em favor de seu rival – o capitalismo de livre mercado – está longe de ter sido ganha. Está sob discussão a dinâmica que define o capitalismo, ou seja, a implacável competição de mercado e disputas entre o inato desejo humano por estabilidade e, para alguns, a civilidade.”
Greenspan pergunta: “Haveria um dilema simples entre os que entendem como deplorável o comportamento competitivo e o conforto material que muitas pessoas desejam? Numa perspectiva de longo prazo, esse dilema realmente existiria?”. Ao longo do século passado, o sistema capitalista criou excedentes que foram empregados na melhoria da qualidade de vida: avanços na saúde, maior longevidade associada a esquemas de aposentadoria, educação universal e melhores condições de trabalho. “Usamos muito do substancial incremento da riqueza gerada por nossas economias de mercado para adquirir o que muitos veriam como maior civilidade”.
“A virulência anticapitalista parece ser maior entre aqueles que confundem ‘capitalismo de compadres’ com mercados livres. O ‘capitalismo de compadres’ é evidente quando o governo, geralmente em troca de apoio político, atribui favores a indivíduos e a empresas privadas. Isso não é capitalismo. A isso se chama corrupção”, assinala Greenspan. E prossegue: “A ganância e a cobiça, que frequentemente se critica como associada ao capitalismo são, na verdade, características da natureza humana e não do capitalismo de mercado, e estão presentes em todos os regimes econômicos. A preocupação legítima com a crescente desigualdade de renda reflete a globalização e a inovação, e não do capitalismo.”
Quaisquer que sejam as imperfeições do capitalismo de livre mercado, “nenhum regime que se tentou para substituí-lo – do socialismo fabiano ao comunismo soviético – logrou êxito em atender as necessidades de seu povo.” Para Greenspan, o capitalismo precisa de ajustes. “Mas”, diz ele, “temo que, em resposta à crise, incontáveis ‘melhorias’ para o modelo capitalista vão ser aprovadas. Tenho dúvida se tais ‘melhorias’, em retrospecto, terão sido sábias”.
Concordo plenamente com o Greenspan, o capitalismo precisa de  ajustes (entenda como ser domesticado) para continuar trazendo o progresso que sempre trouxe.